Um livro responde todas as questões?  

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     Durante as nossas pesquisas temos uma infinidade de fontes para pesquisarmos como livros, revistas, jornais, documentários e internet. Mas geralmente preferimos nos orientar por apenas uma fonte (“pois é mais fácil!”).
     Mas usar apenas uma fonte de pesquisa não pode gerar problemas para a minha análise durante o trabalho?
    Este conto chinês pode nos ajudar pensarmos melhor essa questão durante as nossas pesquisas.
     Há muitos anos vivia na Índia um rei sábio e muito culto. Já havia lido todos os livros de seu reino. Seus conhecimentos eram numerosos como os grãos de areia do Rio Ganges. Muitos súditos e ministros, para agradar o rei, também se aplicaram aos estudos e às leituras dos velhos livros. Mas viviam disputando entre si quem eram o mais conhecedor, inteligente e sábio. Cada um se arvorava em ser o dono da verdade e menosprezava os demais.
     O rei se entristecia com essa rivalidade intelectual. Resolveu, então dar-lhes uma lição. Chamou-os todos para que presenciassem uma cena no palácio. Bem no centro da grande sala do trono estavam alguns belos elefantes. O rei ordenou que os soldados deixassem entrar um grupo de cegos de nascença.
    Obedecendo às ordens reais, os soldados conduziam os cegos para os elefantes, e guiando-lhes as mãos, mostraram-lhes os animais. Um dos cegos agarrou a perna de um elefante; o outro segurou a cauda; outro tocou a barriga, outro, as costas; outro apalpou as orelhas; outro, a presa; outro, a tromba.
     O rei pediu que cada um examinasse bem, com as mãos, a parte que lhe cabia. Em seguida, mandou-os vir à sua presença e perguntou: 
     Com que parece o elefante?
     Começou a discussão acalorada entre os cegos.
     Aquele que agarrou a perna respondeu:
     - O elefante é como uma coluna roliça e pesada.
     - Errado! – interferiu o cego que segurou a cauda. – O elefante é tal qual uma vassoura de cabo maleável.
     - Absurdo! – gritou aquele que tocou a barriga. – É uma parede curva e tem a pele semelhante a um tambor.
     - Vocês não perceberam nada – desdenhou o cego que tocou as costas. – O elefante parece-se como uma mesa abaulada e muito alta.
     - Nada disso! – resmungou o que tinha apalpado as orelhas. – É como uma bandeira arredondada e muito grossa que não para de tremular.
     - Pois eu discordo – falou alto o cego que examinara a presa. – Ele é comprido, grosso e pontiagudo, forte e rígido como s chifres.
     - Lamento dizer que todos vocês estão errados – disse com prepotência o que tinha segurado a tromba. - O elefante é como a serpente, mas flutua no ar.
     O rei se divertiu com as respostas e, virando-se para seus súditos e ministros disse-lhes: 
      - Viram? Cada um deles disse a sua verdade. E nenhuma delas responde corretamente a minha pergunta. Mas se juntarmos todas as respostas poderemos conhecer a grande verdade. Assim são vocês: cada um tem a sua parcela de verdade. Se souberem ouvir e compreender o outro e se observarem o mundo de diferentes ângulos, chegarão ao conhecimento e à sabedoria.

 (Face-de-espelho. Conto do budismo chinês. IN: DOMINGUES, Joelza Ester. História em documentos: imagem e textos. São Paulo: FTD, 2009. p. 12-13.)

This entry was posted on 21 de fev. de 2011 at 01:00 and is filed under , , , . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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